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Porto Velho, Rondônia, Brazil
Si.

Ciclo-dia


Um milhão de pétalas de cinza
vão caindo na tarde ordinária
Os moluscos vão deixando pra trás seus ideais
grudentos
A vizinha e sua lata na cabeça enaltecem mais uma vez 
a terra de ninguém
mais uma vez 
de cá
prá
além
assado
aturdido
mal passado
mordido
fingido e do Bem 
bem sem refém
ao léu
sem ninguém
com som de meu bem
Fazia tento tempo que não chovia
que eu quase esqueci o gosto de Deus
enfiei as mãos pelas tripas 
e carreguei água em manhã esfumaçada
lembrei do garfo
da maçã
do óleo
da tarde ordinária
escondida atrás da porta
(ou sorrindo de mentirinha?)
as lojas se abrem
as bicicletas velhas
murmuram entre si
comentam sobre seu dia
sobre sua tontura
e sua coluna semi-oleada
papéis de política levados pelo vento
condenados pela brisa bem mais justa que todos nós
a manhã castigada pelo tempo
levanta 
boceja
e se prepara
pro ritual do trabalho
fustigando os tentáculos da madrugada exausta  
o leiteiro ainda não morreu
e a chuva  nos trouxe histórias novas
com seu montão filhos bastardos

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