O coração do poeta bate
O Coração do poeta bate
Devagar pra ver o desentegrar
O Coração do poeta bate
Devagar pra ver o desentegrar
Das unas gotas de chuva
No asfalto azul das rodovias
E nos assoalhos de estacionamentos
Fazendo inveja aos quilômetros
Amarelos de areia e calor
E os horizontes vermelhos
De chão seco e seus negrinhos
No asfalto azul das rodovias
E nos assoalhos de estacionamentos
Fazendo inveja aos quilômetros
Amarelos de areia e calor
E os horizontes vermelhos
De chão seco e seus negrinhos
O coração do poeta
Bate devagar e assite
Os cestos de lixo
Se enchendo
Com as bolas amassadas
Do papel de carta
As cartas das mães;
Dos namorados;
Dos fanáticos;
E dos desenpregados
Todas pequenas questões
Em busca de resoluções
No emaranhado das desordens rotineiras
O coração do poeta
Bate devagar e aprecia
O ritmo melódico das asas
Das borboletas esvoaçando
Pela janela límpida
Do terceiro andar da casa
Da moça de caixos castanhos
Lendo os versos melosos do rapaz encantado
Os ritmos
As cores
E o caos
O ritmo melódico das asas
Das borboletas esvoaçando
Pela janela límpida
Do terceiro andar da casa
Da moça de caixos castanhos
Lendo os versos melosos do rapaz encantado
Os ritmos
As cores
E o caos
O coração do poeta
Bate devagar e acelera ao ouvir
A percussão dos bares pesados
O sopro das boates chiques
O violão
O violoncelo
Os vinis
Os tangos e os rock's
As notas invadindo as salas de aula
As praças públicas
E o peito dos jovens revolucionários
O coração do poeta
Bate devagar e contempla
As festas sepulcrais
Os enterros dos reis e
Papas nos sarcófagos dourados;
Dos heróis nas ruínas esquecidas
E dos indigentes nos entulhos amontoados
As festas sepulcrais
Os enterros dos reis e
Papas nos sarcófagos dourados;
Dos heróis nas ruínas esquecidas
E dos indigentes nos entulhos amontoados
Tum,tum
Tum,tum
Tum,tum
O coração do poeta
Bate devagar e sangra
Ao ver a agonia das mães raquíticas
Segurando suas crias desidratando
Em seus braços
Que não podem implorar
Por água
Ou por leite
Pois mal sabem o que são
O moço torturado na xadrex
Pois é crime roubar pão
Para os filhos
Os tais ursos brancos
Que não reclamam calor
As folhas secando
Os pais carbonizados nos ônibus
As famílias escravas do sal
As moças escravas das crenças
Os dias escravos da rotina
Os deuses escravos dos homens
O congelar dos sentidos
Os beijos reprimidos
As dores precoces
A intolerância
E de tão poucos ouço suspiros...
Ah, menina
Dos olhos de cristal
Quase não percebi,
Mas acho que o
Coração do Poeta
Parou.
Dos olhos de cristal
Quase não percebi,
Mas acho que o
Coração do Poeta
Parou.
0 Comments to "Cardíaco"