Observa cega de visão
os monstros mecanizados na nova era
as feras metálicas rugem impondo
temor aos pedaços de carne ambulante
o borrão de noite pousado no labirinto
indiferente à dor e à umidade
intenso como um segundo
disperso como os dias
corajosa e irracional
ela segura destemida
sua besta selvagem em seu punho
sua mais nobre fonte de companhia
sua fera poderia acompanhá-la
por eras e tempos indiscretos
em momentos tão invisíveis quanto esses
ela não sorri, sua fera tem um olhar de criança
sem contas a pagar
satisfações cheques impostos
multas amores
esperanças
ela atravessa cega de visão o labirinto de cores
nocturnas
anda
cala
insere sua irrelevância cortante
no espaço tempo pra ninguém ver
Uma dupla: imortal como uma idéia
Seguem seu finalismo mono-cromático
em busca de mais um dia ingrato
curiosos
infinitos
esfomeados.
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