Um Intervalo Na Eternidade

Mas é estranha essa força que nos une

Quando despedaçado é teu coração

O meu se faz migalhas

Quando a angústia me levita

O Caos apodera tuas falhas

Independentes

Indiferentes

Cada um na sua tribo

Cada um com seu estribo

As esquinas dobram iguais

As dores gritam atuais

Ontem e hoje

Nossas feridas e nossos pais

(Onde estão?)

Uma foto um cartão

Pra que serve teu samba?

O meu rock também é enferrujado

Bancos impregnados de sexo alheio

Praças cheirando a beijos

E de desejos que saíram das mentiras dos livros

E dos intervalos das aulas

Indo parar direto nos corações imprudentes

E nos ouvidos acolchoados de elogios em forma de lirismo fácil

Cansamos, velho amigo.

A velhice nos persegue

Mas não a velhice de tempo

Que nos enche de rugas

E desqualifica nosso pêlo

E nossas garras sujas

É a velhice do ser...

O tempo é pouco

E o coração é pequeno

Cada um vai urinar na cova no outro

Nossa bestialidade é insuficiente

- Os coelhos são mais fortes -

Olhai  pelo menos o hoje que é palpável

(eu acho)

E cantemos a dor da vida em qualquer ritmo

O resto é varrido não se sabe por quem...

“If I was young, I'd flee this town

I'd bury my dreams underground

As did I, we drink to die, we drink tonight” 

Colar quebrado

Desespero de menino que faz versos

N moças

N filmes

Corda lençol gilete

Remédio água benta

Morrer faz bem pra saúde

Dormir faz bem pros sentidos

Mas ainda assim seremos enganados

Podemos confiar nos olhos, nas mãos?

Corre ouve e escuta com atenção

Mesmo frágil: pereceremos

E o resto do mundo continuará sendo feliz

“Rompe através do silêncio, tudo o que é deixado é tudo o que nós escondemos: ou tudo que levamos?”.