Como do luto
Que quebrou a rotina
Do dia mais bruto,
Jogo fora as velhas botinas
Nuas perante o rosto do dia
Figurinhas de lembrança
Se despedaçam em cortantes fatias
Meu braço meu tato não alcança
Minha lua não sorria
Era isso que escorreu
A luta de Sonho e Romeu
Era isso que a lua queria?
Escorreu pelas esquinas
Nos violões de arrepio
Atravessou as máquinas
E gerou as sementes de um poema arredio
*
A boca do mundo abriu
Como o grito do sopro da vida
Na busca dos pesadelos vividos:
A genitália do universo...
Por que faço perguntas?
Em lacunas não me encaixo
Em espelhos não me acho
Por que em carne me sustento?
Escombros esculpidos à língua
Seduzem pupilas em prol da água
Do gesso e da flor que brota
No fétido campo de batalha
A flor me disse:
- Meus egos se batem, machucam e brincam de viver na rua de sentimentos.
Debruçam-se, pedem, rezam e se mutilam de razão e dúvida.
Ainda beirutam na praça
...posso ouvir os cavalos de madeira.
O teu olhar é o sorriso do universo
*
Barulhos no Vazio:
O velho lobo cardíaco corre em busca do colar da índia ruiva levado pelo rio
O Rio que não tem boca, mas agracia os mortais com seu riso turvo.
O Rio que não pára, o Coração que não perdoa, o Tempo que não julga.
A índia inocente é só um resultado.
O lobo uiva. A Lua não responde...
É tão normal que eu não me conformo.
Moro em cima
Do Muro
Me chamam Mouro (muita mesmice)
Modifico modas (a minha)
Medem minha música
Mostro livros (me curam)
Mal sabem o que miram
Mesmo assim... é uma pena Morrer.
Me desfaço em minhas memórias.
Moro em cima
Da Morte
Ainda não caí.
*
Abriu a janela
Quebrou a tela
Acendeu a vela
O que há com ela?
Rasgou-se a vida; pra mim ecoou:
-O que será que sou?
- Um corpo entre coisas
Uma coisa entre fatos
Um fato entre corpos -
Um coito entre moitas
Um falo entre bocas
Um rato entre cheiros
Um beijo entre trapos
Um jantar entre gatos
Uma mosca entre sopas "procuram o palheiro na agulha"
A vida é tão morte
Que morrem os vivos
De tanto viver
Enquanto alguns vivem mortos
Eu sigo morrendo a vida.
Estarei morto?
Eis o olhar absorto:
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Entre várias faces e moedas de um dia
Essa porta que abre se acalma
Não grita nem faz alusões
Pede licença, mas não me dá escolha
Acendo uma vela pra mim mesmo
*
Entre o
Ventre
Entra um ente
Ante as
Vendas
Vêm
Sementes
Vão
Tormentas
Vi
Torrentes
Torram
Vozes
Bivalentes
Valente
Venta o
Vento
Veemente
Dentre o sorriso
Por entre a flor
Bem mais que isso
Seria o tal do amor?
Que mente ante a mente
Que mata mesmo ausente
Que vive, que chora...
Que sente.
Entre, pode entrar.

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