Abaixo o Protesto!
João nasceu de um coito entre moitas
Durante o êxtase da liberdade dos pobres
Sangrou feito galinha sorriu pra um mundo que não sorriu de volta:
O País não conseguiu abortá-lo.
Tentou, porém. Xingou a mãe a música o muro a poesia.
Ruminou para negar-lhe o salário o pão a roupa o livro
João correu: Corre João! Lá vêm as gravatas!
João caiu; se levantou; chorou a dor.
Sorte que só chorou a dele.
Na sua mão não cabe o vizinho a irmã o judeu
Coube a pipa o controle o consolo
Mas não teve nenhum.
João sabe ler? Pega um livro João!
Leia a ganância e a glória dos dias
Envolvidas nas lombrigas das fábricas
De mentes enlatadas
A rua com cheiro de peixe e câncer
Alimenta-se da tua indiferença
E do teu sorriso estóico de Bíblia traduzida
Vamos levantar de nossas camas
Úmidas sentar à frente da Televisão
E gozar da felicidade plástica de cada dia
João?
João?
Joãããããããooooo!!!??
Morre João
Sai desse dia
Dessa tarde
Na malícia que não veio
No delírio que te mentiu
No Jornal que não sorriu
Quer viver João?
Então não chora João
Não sente
Não reclama
Durma
Banha na lama
Seja feliz.
12/09/2009